Campanha| «Ouvir para decidir» são instruções de Rui Rio
Candidatos a deputados do PSD da Maia estiveram, ontem, em reunião com o presidente e secretária nacional do Sindicato dos Funcionários Judiciais, António Marçal e Alexandra Lopes, de forma a que se expusesse as fragilidades da Justiça do país. Numa outra reunião foram ouvidos dois cientistas, Ana Rita Rodrigues e Ricardo Duarte, que explicaram a instabilidade das suas profissões.
Nesta reunião de ação de campanha estiveram presentes Márcia Passos, Paulo Ramalho, Sofia Matos, ambos candidatos a deputados pelo PSD, no distrito do Porto, e Bruno Bessa, presidente da Juventude Social-Democrata (JSD) da Maia.
«O poder político tem de saber, acima de tudo, ouvir para poder decidir, e deve procurar ouvir todos os atores e territórios», começou por dizer Paulo Ramalho também vereador da Câmara Municipal da Maia. «As instruções que temos, inclusive do doutor Rui Rio, é ouvir todos os implicados na sociedade, todas as pessoas que têm responsabilidades para lhes poder dar “inputs” sobre qual é o verdadeiro diagnóstico», adita.
Nestas reuniões, em que o objetivo foi conseguir identificar os problemas do setor da Justiça e Ciência, o candidato a deputado diz ainda que «após feito o diagnóstico transmitido pelas pessoas que vivem o dia a dia no território, nas instituições, é importante que se ouça as sugestões para as soluções».
António Manuel Marçal, presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, apresentou vários problemas no setor da Justiça, nomeadamente a «perceção de falta de confiança dos cidadãos na Justiça, a falta de recursos, designadamente de Oficiais de Justiça, e ainda a falta de investimento neste setor».
Reconhecendo ainda a importância de ações de campanha como esta, António Marçal aponta, de igual forma, algumas soluções que podem tornar a Justiça portuguesa mais «célere e eficaz».
«É fundamental que Portugal, a nível da Justiça, se convirja com aquelas que são as recomendações da União Europeia, que é requalificar os “staffs” dos tribunais e dos oficiais de Justiça, dando-lhe outras tarefas, outras funções, dando-lhes maior formação e maior preparação, permitindo que juízes e procuradores tenham tarefas mais próximas daquelas que são o seu fim», diz o presidente do sindicato, acrescentando que «para que isso aconteça com celeridade e eficácia é preciso que no “backoffice” haja uma secretaria judicial ou do Ministério Público dotada de profissionais altamente preparados e qualificados, que permitam dar essa resposta», diz.
Sobre esta matéria, Sofia Matos, cabeça de lista do Partido Social-Democrata no distrito do Porto, refere que «oPSD fez da bandeira da Justiça uma grande prioridade para o próximo mandato».
Numa outra reunião foi ainda possível os candidatos a deputados ouvirem Ana Rita Rodrigues e Ricardo Duarte, profissionais da área da Ciência e Investigação.
Ana Rita, psicóloga clínica, que faz investigação no âmbito da depressão e ansiedade e para promover a melhoria e eficácia dos tratamentos, diz que esta é «uma área onde não temos grande futuro», acrescentando que é «bolseira de doutoramento» e, mesmo tendo um contrato renovável de ano a ano, que permite ser extensível aos 4 anos de doutoramento, «findo este período fico sem grandes progressões na carreira, fico sem certezas nenhumas», diz.
Já Ricardo Duarte, biólogo de formação com contrato na Universidade do Minho, desenvolve investigação na área da microbiologia e da bioinformática, tendo contrato como investigador júnior, refere que «em Portugal, fazer ciência com planeamento familiar e saúde mental é praticamente impossível», devido ao facto de serem «cerca de 1900 doutorados por ano, mas apenas cerca de 300 a 400 contratos de trabalho são realizados. Portanto a saída que a maioria dos investigadores tem é ir para o estrangeiro para desenvolver ciência».
Ambos são da opinião de que «tudo teria de começar por um aumento no investimento na Ciência» e, quanto ao investimento já existente, referem que este deveria «ser melhor distribuído, com mais rapidez, melhores avaliações e outro tipo de políticas».
«O PSD tem uma coisa de louvar no programa eleitoral, que é o aumento do investimento em ciência que pensamos que vai aos 5% do PIB, que de todos os programas que lemos, é o mais ambicioso. A principal preocupação depois deverá ser como é que esse investimento vai ser distribuído e aí tem que haver maior interação com os investigadores», terminam os últimos intervenientes ouvidos pelos candidatos.