Perdi subitamente os sentidos, desmaiei. Estou muito preocupado. Que devo fazer ?
O que é a síncope ?
A síncope (desmaio com perda de consciência) define-se como uma perda transitória da consciência por hipoperfusão cerebral e caracteriza-se por um início rápido, curta duração e recuperação espontânea completa.
Convém esclarecer que outros sintomas, tais como a perda de consciência por causa traumática, a epilepsia com convulsões generalizadas ou ausências e o pseudocoma de causa psicogénica, não devem ser confundidas com a síncope por não resultarem da diminuição da perfusão cerebral. Também a vertigem (sensação de movimentos giratório da cabeça e corpo) e as tonturas não se enquadram nesta situação, pois nunca ocorre perda de consciência , sendo que a causa é também diferente.
A síncope pode ser muito frequente. Pensa-se que 1 em cada 3 pessoas terá uma síncope durante a sua vida. É frequentemente benigna embora, especialmente se recorrente, possa originar quedas com traumatismo grave e alterações psicológicas muito perturbadoras da vida normal.
Um dos exames mais utilizados para o diagnóstico é o teste de inclinação (teste de tilt). Este teste deve ser considerado em indivíduos com suspeita de síncope reflexa (de pé, após o exercício, durante a refeição…), hipotensão ortostática, síndrome de taquicardia postural ortostática e pseudossíncope psicogénica. Este pode ser particularmente útil por permitir a reprodução do sintoma enquanto se monitorizam os valores da pressão arterial e da frequência cardíaca, batimento a batimento.
Para além de pessoas que desmaiam frequentemente, este exame também pode estar indicado nos doentes que apresentam queixas de pré-síncope, tonturas, fadiga extrema, palpitações, suores com ou sem alterações da visão ou audição, quando se levantam e mantêm de pé.
Além desses, também os doentes com quedas frequentes e inexplicadas ou acidentes vasculares cerebrais de repetição (hipotensão ortostática severa) podem beneficiar com o teste.
Como é realizado o teste de inclinação? Para realizar este exame, o doente deita-se de costas numa mesa basculante (1) com suporte de pés que vai permitir a sua passagem passiva para a posição de pé. Para maior segurança usam-se cintos de contenção no peito e nas pernas.
São colocados elétrodos para registo do ECG no tórax (2), uma dedeira com cuff (3) e uma braçadeira que permitem a monitorização contínua da frequência cardíaca e pressão arterial.
Uma vez iniciado o exame, a mesa basculante eleva-se para uma posição quase vertical (70%), mantendo-se assim durante 20 minutos (fase passiva). Caso não sejam detetadas alterações, é administrado um medicamento sublingual e o exame continua durante mais 10 minutos (fase sensibilizada) e, se necessário, faz-se também compressão dos seios carotídeos.
Se houver reprodução de sintomas, com ou sem queda da pressão arterial e da frequência cardíaca, considera-se o teste positivo.
Prof. Ovídio Costa
Cardiologista
Professor da Faculdade de Medicina da U.P.