«A Maia é um concelho com forte pendor Liberal! Não temos dúvida, somos a alternativa política no concelho»
Chama-se António Manuel Fonseca, tem 46 anos, é natural de Vermoim, actual Cidade da Maia, vive em Silva Escura e é o coordenador maiato da Iniciativa Liberal. Foi ainda no secundário que despertou para a política ou como gosta de dizer «contribuir para a comunidade» tendo participado no processo da criação da Associação de Estudantes do Castêlo da Maia. Aos 18 anos entra como deputado na Assembleia de Freguesia de Vermoim pela sigla PSN, então apelidado partido dos reformados. Esta experiência política de 4 anos fê-lo perceber a sua área política e ingressou na JSD, tendo participado na fundação do Núcleo de Vermoim do PSD. Em 2000 o núcleo do PSD de Vermoim, não se revia na política concelhia do PSD e a quase totalidade da direção resolveu concorrer às autárquicas como independentes, tendo tido assinalável êxito. Faz assim mais 4 anos como deputado na Assembleia de Freguesia como independente. Quase 20 anos depois, a atração pela política mantinha-se e após reflexão familiar decidiu-se. Encontrou o liberalismo e a Iniciativa Liberal, partido que lhe oferecia aquilo que defendia quando jovem e que então o levaria a aderir a JSD/PSD. Hoje sente-se bem nesta família política e é o “líder” concelhio do partido que mais cresceu nos últimos tempos. Razão para uma entrevista, visitando questões atuais.
Maia Hoje: Como nasceu a Iniciativa Liberal na Maia?
António Manuel Fonseca: O Núcleo Territorial da Maia da Iniciativa Liberal e respetivo Grupo de Coordenação Local foram criados em 06 de junho de 2020 num plenário fundador com 24 membros.
MH: Foi filiado no PSD. O que o atraiu na Iniciativa Liberal (IL)?
AMF: Fui militante da JSD, mas percebi que na Maia as decisões sobre as candidaturas, não eram transparentes e envolviam situações em que não me revia e optei por me afastar, aliás como o fizeram na altura muitos dos dirigentes locais do PSD.
A IL desperta a minha atenção nas Presidenciais de 2021, o facto de ser profissional independente há 25 anos leva-me a ter noção da carga fiscal absurda a que estou sujeito. Aliado a isso, o facto de ter constituído família, a vontade de contribuir para um futuro melhor para o meu filho, para que não tenha fazer os sacrifícios que faço, não tenha de emigrar e para que possa ambicionar um futuro perto de mim.
As propostas Liberais para a economia, educação, justiça, saúde, bem como, a redução da burocracia e peso do Estado na vida das pessoas, a transparência como uma forma de combate à corrupção, tudo isto para mim fez e faz sentido, foi isso que me atraiu na IL.
Já estava identificado com as ideias liberais e não sabia!
MH: Sabemos que a nova direção da Iniciativa Liberal maiata celebra agora o seu primeiro ano. Que balanço faz?
AMF: Em Fevereiro de 2023, eu e o Emanuel Marques que é o vice-coordenador, começamos a contactar membros e em Abril já tínhamos elementos suficientes e capazes de nos apresentar-mos numa candidatura ao GCL (Grupo Coordenador Local) no Plenário (assembleia de membros) que iria acontecer em Julho, no entanto, como foi público, o Núcleo Territorial ficou sob alçada da comissão executiva da IL após divergência, demissão e desfiliação dos membros da anterior GCL tendo alguns deles ingressado no Chega.
Como já estávamos com o nosso projecto em andamento, o que tivemos de fazer foi avançar e apresentar-nos aos membros, posteriormente apresentar o nosso Documento de Orientação Política (DOP) com o qual nos propusemos a eleições. O facto de receber um Núcleo Territorial (NT) em gestão administrativa não foi fácil, basicamente, tínhamos membros e tínhamos fundos, tivemos de começar a construir de base, contactar todos os membros, atualizar as informações, criar canais de comunicação para os membros, atualizar as redes sociais, criar espólio em vídeo e fotos. Fomentar relações com instituições, órgãos de comunicação social e sociedade civil e criar a marca da Iniciativa Liberal na Maia que não existia. A Iniciativa Liberal, sob a anterior gestão local, teve uma candidatura às autárquicas, mas não houve, em minha opinião, uma divulgação eficaz da mensagem e a estratégia focada nas áreas mais urbanas não trouxe ganho, se compararmos os votos na Maia na IL nas Presidênciais de 2021 e os votos obtidos nas autárquicas, a percentagem é inferior (4,04%). Serviu para eleger uma Deputada Municipal pela Iniciativa Liberal, no entanto, devida a desfiliação da mesma, a Iniciativa Liberal perdeu a sua representação na Assembleia Municipal. Mais um obstáculo no nosso caminho para ultrapassar, sendo que o nosso projeto considera a criação de um grupo de apoio autárquico, para ajudar a Deputada e, ao mesmo tempo, permitir o envolvimento e evolução dos membros para termos membros mais capazes no futuro.
Dada a desfiliação e permanência na AM como independente da ex-Deputada, estrategicamente, passamos a ser presença constante nas AM´s e usamos o período destinado ao público para levar assuntos dos munícipes ou de interesse geral como o Metro, Obras Públicas e Áreas de Lazer. Desta forma, contribuímos com ideias e damo-nos a conhecer, porque a Iniciativa Liberal da Maia somos nós, independentemente, de termos perdido a representatividade da forma como foi e não haver respeito pela instituição!
Nas adversidades vê-se a força, o facto de sermos um grupo muito heterogêneo de membros no GCL, potenciou a capacidade de organização e resposta, todos ficamos conscientes que a aprendizagem era para ser feita a velocidade cruzeiro, não havia tempo para “formação” e todas as nossas valias eram necessárias para ultrapassarmos todos os obstáculos com que nos confrontamos.
Foi um sucesso! Só possível porque foi realizado por um grupo fantástico de pessoas, que o interesse principal era comum, dar o melhor para fazer o melhor para todos e para a Maia.
Não nos conhecíamos, mas o respeito e a gestão liberal que implementamos permite-nos estar em constante aprendizagem e evolução.
Este GCL, num ano de mandato, já fez duas campanhas eleitorais e os nossos mandatos são de dois anos. As campanhas permitiram uma forte interação entre os diversos NTs do Distrito, o que também proporcionou partilhas de experiências, conhecimento e, principalmente, o relacionamento interpessoal entre diversos membros, desde membros de base a dirigentes.
Na verdade! Reforço que foi na adversidade que vimos a nossa força, a resiliência, a capacidade de avançar, crescemos e amadurecemos muito como GCL, como Núcleo Territorial e como Liberais! Hoje a IL é conhecida e as pessoas sabem quem nós somos.
O nosso documento de orientação política (DOP) está assente em três pilares, “Envolver” os membros, “Empoderar” os membros e “Evoluir” com os membros, Sinto que, o trabalho realizado até agora cumpre com o nosso compromisso e dá-nos a todos (a mim, ao GCL e aos restantes membros) uma forte confiança de que no próximo ano tem tudo para continuarmos com sucesso, o nosso trabalho e o crescimento sustentado.
MH: A Iniciativa Liberal está numa clara fase política ascendente. Face aos resultados obtidos nas últimas legislativas e europeias e apesar da elevada abstenção para estas últimas, a Iniciativa Liberal é, das forças políticas maiores, a única que cresce em contraciclo com as outras forças políticas. Como explica isso?
AMF: Como tudo o que é novo ou diferente é natural que, inicialmente, se estranhe e depois se entranhe. O Liberalismo era desconhecido do panorama político Português e dos eleitores e só com o conhecimento é que nasce a alternativa democrática que somos.
A Iniciativa Liberal começou uma maratona ao abordar temas como a justiça fiscal, a liberdade de escolha na saúde, na educação, ao expor a carga fiscal direta e indireta a que estamos sujeitos e que durante 50 anos não foram abordados pelos partidos do que nos representavam.
Alguém ouviu alguma vez o PCP, PS ou PSD a falar em reduzir impostos? Sabíamos para onde iam os nossos impostos? Hoje sabemos que servem para pagar indemnizações milionárias a funcionários e a CEO’s, pagar dívidas astronómicas de empresas tuteladas pelo Estado devido a erros de gestão ou má conduta dos gestores.
Tudo isto sem um discurso populista que, às vezes agrada a todos ou vira uns contra os outros através de bodes expiatórios, a extrema direita fez isso em relação aos judeus e o comunismo fê-lo em relação aos cristãos.
Por isso, um discurso coerente, assertivo e contínuo, sem adaptações eleitoralistas e com vários exemplos de sucesso na Europa só pode crescer, principalmente, quando os eleitores percebem que eles ou os seus familiares quando emigram, emigram para Países mais liberais que aplicam as políticas que defendemos e têm a noção que Portugal e Espanha são dos poucos países Socialistas na União Europeia.
Durante estes 50 anos de democracia demos total confiança aos nossos governantes e eles não se portaram bem, hoje temos evidências disso, este conjunto de fatores aliado ao facto de sermos um partido com muitos jovens contribui para o crescimento da Iniciativa Liberal e dá-nos garantias para o Futuro.
MH: Estamos pouco mais de um ano das eleições autárquicas. Que objetivos tem a Iniciativa Liberal? Já discutiram o assunto internamente? Já têm candidatos?
AMF: Não discutimos o assunto internamente, seria prematuro e como referi, estivemos até agora focados no Núcleo Territorial e nas campanhas eleitorais que realizamos. Não temos candidato ainda. O nosso objetivo para as autárquicas é ambicioso, a Maia é um concelho com forte pendor Liberal e isso vem-se a demonstrar nos resultados, por isso, o meu objetivo pessoal é afirmarmo-nos como a alternativa política no concelho, a oposição já está lá há bastante tempo, nada faz e pode manter-se inócua.
Temos o objectivo de preparar candidaturas ao Executivo e Assembleia Municipal, bem como, a Juntas de Freguesia e envolvendo assim ainda mais os membros na atividade política do concelho.
MH: O que acham que poderiam melhorar na Maia?
AMF: O Município é governado há 30 anos pela mesma força política, e como em qualquer organização, sem renovação ao fim de tanto tempo é natural que se percam capacidades. A própria oposição do PS aposta na continuidade e foi buscar alguém com nome, mas sem ideias novas.
A Iniciativa Liberal, não temos dúvidas é a alternativa e poderá contribuir com ideias novas, diferentes perspetivas para a mobilidade e assimetrias do concelho, transparência na gestão, desburocratizar a emissão de licenças para promover a construção ou reabilitação de imóveis, agilizar processos como requerimentos e pedidos de autorização, otimização dos recursos já existentes e redução do despesismo.
Descentralizar o investimento em espaços verdes e lúdicos, veja-se por exemplo o monte de Santo António que está entregue ao abandono comparativamente com os espaços próximos dos paços do concelho, existindo vários espaços nas freguesias menos urbanas nestas circunstâncias. Os autarcas mais próximos muitas vezes tentam, mas encontram uma barreira as pretensões da população no executivo camarário. É aqui, na política de proximidade e em escutar mais e estar presentes quando precisam que a Iniciativa Liberal vai poder ajudar a população.