E se Pedro Nuno ganhar?
A cerca de um mês das eleições para a Assembleia da República, continuamos em ambiente de pré-campanha, centrada mais na coscuvilhice do que em ideias para o país.
Mentiras descaradas, meias mentiras, verdades centradas apenas naquilo que lhes interessa e alguma comunicação social descaradamente politizada tem marcado o folhear dos dias.
Desde logo a primeira grande mentira é a de que «vamos escolher o primeiro-ministro». Nesta só cai quem quer, mas alguns partidos insistem em tapar os olhos do eleitor com a poeira da falsa controvérsia, seja nos debates onde «só se deviam defrontar os candidatos a primeiro-ministro», dizem, seja na mentira de serem todos, da mesma forma «candidatos a primeiro-ministro», como se todos tivessem apoio de uma eventual maioria ou iguais probabilidades de reunirem apoios. Facto é que, em termos simples, esta eleição “apenas” elege deputados, e o presidente da república, depois de conhecidos os resultados e ouvidos os partidos, designa algum cidadão para constituir governo, de preferência uma pessoa que tenha a garantia de suporte da maioria dos deputados na Assembleia da República. Assim, o que impede, por exemplo, o presidente da república indigitar o almirante Gouveia e Melo para primeiro-ministro? Nada! E mais, se fosse uma opção com o apoio do PS e PSD, com pastas negociadas ou não, teria à partida uma maioria muito, mas mesmo muito confortável. Na história da democracia portuguesa já tivemos exemplos de governos assim constituídos, chamados de «iniciativa presidencial», o que nos leva a outra grande mentira sobre quem provocou eleições. A resposta claramente incide nos partidos políticos de representação parlamentar. Ou seja, quando ouvidos pelo presidente da república, não tiveram capacidade de apresentar um nome, uma alternativa às eleições, ou solução de estabilidade como aprovar um orçamento. Vamos ser honestos e tratar o povo com dignidade que merece?
Dentro desta palhaçada (com a minha vénia e respeito para a muito digna e difícil profissão de palhaço), certa comunicação social, liderada pela SIC e Correio da Manhã, insiste em parangonas que já chateiam e nada acrescentam, pior, acontece descaradamente em período eleitoral, altura em que deviam ser mais recatados. Parece e tudo aponta para que estas notícias sejam um chorrilho de mentiras, mas imagine-se que até são verdadeiras, porque é que interessam agora? Por alguém poder ser primeiro-ministro? Então, os meus colegas ou camaradas de profissão, como quiserem, podem explicar-me porque não se sabe nada dos outros “candidatos” (e devemos por este entendimento, incluir a premissa acima de que são candidatos a primeiro-ministro os líderes dos partidos)? Quanto valem as contas bancárias das manas Mortágua? Onde arranjaram o dinheiro? Quanto herdaram?
Quanto ganha a empresa de Inês Sousa Real, quantos subsídios teve? Em quantas votações participou que influenciaram diretamente a sua atividade? Estes são alguns dos exemplos que servem de “carapuça” a outros partidos que surfam esta “onda” da promiscuidade alheia.
Descendo à terra, há fortes possibilidades de dois nomes serem indicados para primeiro-ministro, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos. Se para o primeiro, sabemos que está a ser tudo vasculhado, pergunta-se: e se Pedro Nuno ganhar? Quanto tempo vamos andar a cuscar a sua vida privada? Quantas notas de 500 euros ou gramas de haxixe terá numa qualquer prateleira? Quanto terá recebido do Estado em apoios? Porque é que recebeu o subsídio de deslocação, quando vivia em Lisboa?
Se Pedro Nuno ganhar, vai certamente provar do seu veneno, principalmente o Chega cavalgará o lavar de roupa suja e a desconfiança gerará de novo a instabilidade política.
Meu pobre Portugal, estás condenado à imbecilidade destes políticos!
Hoje recebemos mais uma medalha (queixa)!
Enquanto jornalistas, apesar de assentarmos a nossa prosa na descrição de factos, muitas vezes somos confrontados com gente que apenas considera a verdade no seu ponto de vista e mais, rejeita o direito ao contraditório. Ditos democratas, não passam de cobardes fascistas, tristes figuras com graves problemas do foro psiquiátrico, que envergonham a própria família. A coberto do anonimato, soltam o seu ressabiamento político por… à falta de melhor, imagine-se, alegada publicidade encapotada nos nossos artigos, exigindo a condenação do MaiaHoje em centenas de milhares de euros, numa frustrada tentativa de condicionamento dos jornalistas. A estas ações chamam-se “Slapp” (Strategic Lawsuit Against Public Participation), ou seja, ações judiciais estratégicas contra a participação pública, manifestamente infundadas e abusivas, cujo objetivo é impedir, restringir ou punir a participação pública, prejudicando os valores democráticos e o exercício de direitos fundamentais, em particular as liberdades de expressão, de informação e dos meios de comunicação social.
A Recomendação da Comissão Europeia (UE) 2022/758 de 27 de abril, fornece orientações aos Estados-Membros (EM) para que tomem medidas eficazes, adequadas e proporcionadas para dar resposta às SLAPP nacionais que incluem e cito «existência de várias ações intentadas pelo demandante em relação a questões semelhantes» ou mesmo «carácter desproporcionado, excessivo ou irrazoável da ação ou parte da mesma».
Sabemos quem é este denunciante? Qual a imbecilidade dos seus motivos? Claro que sim! Sem dúvida que irá ter a merecida resposta, só tenho pena da família, que certamente muito irá sofrer com esta obsessão. A propósito ouvi dizer que iria ser corrido do seu “novo” (terceiro) partido em que se filiou.
Para nós jornalistas, como alguém disse, estas denuncias são equiparadas a medalhas de guerra, sinal de que estamos a fazer algo bem feito.
Boa Páscoa para todos.
Artur Bacelar, jornalista