Famílias do Norte gastam 70% do que ganham com bens essenciais
As famílias da Região Norte dedicam mais de dois terços dos seus rendimentos para fazer face a despesas com bens e serviços essenciais, sendo a categoria de Habitação (27%) aquela que consome a maior percentagem do rendimento. Esta é uma das principais conclusões da análise que o ComparaJá.pt, plataforma gratuita de comparação de produtos financeiros, levou a cabo aos dados recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Uma vez que, segundo este relatório, os habitantes do Norte também são aqueles que auferem o quinto menor rendimento líquido a nível nacional, o ComparaJá.pt dá a conhecer algumas estratégias para as famílias da região pouparem nas suas despesas fixas mensais.
Bens e serviços essenciais consomem mais de dois terços dos rendimentos
De acordo com a análise deste portal ao relatório do Instituto Nacional de Estatística, entre o ano de 2015 e 2016 a despesa média com os gastos em bens e serviços essenciais por parte das famílias da Região Norte foi a segunda mais elevada de todo o país, com cerca de 70% dos rendimentos a serem direcionados para despesas essenciais (a média nacional situa-se nos 68%).
No conjunto destas despesas são englobados produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, vestuário e calçado, Saúde, Ensino, Transportes, Comunicações, Habitação e despesas com a mesma incluindo acessórios para o lar como eletrodomésticos.
Nesta que também é região que apresenta o terceiro rendimento líquido anual médio mais baixo do país – 22.308 euros, uma diferença de quase 5.800 euros para o valor máximo de 28.101 euros na Área Metropolitana de Lisboa – os encargos mais significativos entre todas as categorias são os referentes a “Habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis”, que consomem 27% dos rendimentos médios anuais de um agregado familiar que viva na Região Norte.
Como podem os habitantes do Norte de Portugal otimizar os seus gastos mensais?
1º Passo: reduzir encargos com Habitação
Atendendo a que as despesas relativas à Habitação consomem quase um terço dos rendimentos das famílias do Norte, é especialmente relevante fazer uma análise às melhores opções para reduzir os encargos mensais nesta categoria.
Assim, e uma vez que grande parte dos portugueses compram casa com recurso a Crédito à Habitação, o primeiro passará por verificar se é possível obter melhores condições no empréstimo. Quer pela negociação com o atual banco quer pela transferência do Crédito à Habitação para outra instituição, é possível poupar milhares de euros anualmente ao beneficiar de melhores taxas de juro e de comissões mais reduzidas.
«Vejamos o exemplo de um casal que tenha solicitado um empréstimo de 200 mil euros a 30 anos para comprar casa em 2011. Nesta altura os Spreads rondavam, em média, os 3,2%, e a Euribor era superior a 2%, o que significa que esses consumidores iriam pagar uma prestação mensal de aproximadamente 1.150 euros. Caso esse mesmo casal solicite exatamente o mesmo tipo de empréstimo à data de hoje, atendendo a que os Spreads rondam os 1,75% e a Euribor está em terrenos negativos, a prestação seria de sensivelmente 740 €, o que se traduziria numa poupança mensal de 400 euros», explica Sérgio Pereira, diretor geral do ComparaJá.pt.
2º Passo: poupar na fatura da Energia
Também na escolha da tarifa de eletricidade os portugueses podem encontrar poupanças. Com a liberalização deste mercado, nos últimos anos os consumidores nacionais passaram a dispor de múltiplas ofertas, o que veio permitir uma escolha mais acertada de acordo com as necessidades e perfil de consumo de cada lar.
Nesse sentido, o primeiro passo deverá passar pela comparação do custo das tarifas entre os vários operadores – da EDP à Endesa até à Galp ou Iberdrola – e, de seguida, a pela seleção do melhor tipo de tarifa – simples, bi-horária ou tri-horária – de acordo com os períodos de maior consumo de eletricidade.
«No caso de uma família que tenha como pico de consumo diário o período da tarde, a tarifa simples será a mais adequada, por exemplo. Caso se trate de uma família que concentre o gasto de eletricidade à noite, colocando as máquinas de lavar a roupa ou de lavar a loiça em funcionamento após as 22h, optar pelo período bi-horário poderá significar uma redução significativa na fatura», aconselha o responsável do ComparaJá.pt, acrescentando que «o ideal é utilizar as várias ferramentas online que permitem simular de forma gratuita qual o melhor plano para cada tipo de consumidor para aferir qual das opções é mais compensatória».
Mas vejamos o exemplo de um agregado que regista um gasto médio mensal de 250 kWh e tem uma potência contratada de 3,45 kWh. Caso tenham dois terços do seu consumo durante as horas de vazio, que é o período com as taxas mais reduzidas, e apenas um terço do gasto durante as horas de cheio, ao optar pela tarifa bi-horária irão poupar cerca de 10 euros por mês, cerca de 120€/ano.
Por outro lado, tendo em conta que Portugal é um dos países que beneficia de melhores condições a nível europeu para a produção de energia renovável através de painéis solares, outra forma de poupar e otimizar as despesas correntes poderá passar pelo investimento numa Unidade de Produção para Autoconsumo (UPAC).
Visto este sistema permitir uma redução dos custos com gás natural e eletricidade em cerca de 50% – e tendo em conta que representará, regra geral, um investimento inicial inferior a 4.000 euros -, uma família terá recuperado o dinheiro investido ao final de sensivelmente dez anos. Ora, uma vez que o período de vida útil do sistema são 25 anos, o retorno total expectável nos 15 anos seguintes rondará os 5.000 euros.
3º Passo: Poupar nos Serviços de Telecomunicações
Também nas telecomunicações é possível uma otimização dos custos, começando desde logo pela seleção do pacote mais adaptado às reais necessidades de cada família.
«Será que precisamos efetivamente de contratar um pacote que inclua 200 canais quando na verdade só vemos um número muito reduzido? Não fará mais sentido contratar um pacote mais básico e optar por comprar adicionalmente os packs de canais especializados naquelas categorias que realmente nos interessam, como pode ser o caso de Séries e Filmes ou de Desporto, ou então para quem tem filhos, de canais infantis? É que esta segunda hipótese pode significar elevadas poupanças visto o custo da contratação destes packs ser bastante mais reduzido do a contração do pacote mais completo só para ter acesso a mais canais», sublinha Sérgio Pereira.
Outra opção de poupança apontada por esta plataforma – que recentemente lançou uma ferramenta gratuita de comparação de Pacotes TV Net Voz – passa pela integração dos vários telemóveis do agregado familiar no mesmo pacote.