Emoções fortes e sorrisos de esperança marcaram concerto em Pedrógão Grande
No dia em que a comunidade de Pedrógão Grande assinalou com diversas cerimónias religiosas e públicas, o primeiro meio ano após a tragédia dos incêndios que a 17 de Junho vitimaram 64 pessoas, os Pequenos Cantores da Maia estiveram na Igreja Matriz, para um concerto solidário.
A embaixada artística maiata, além de um programa musical muito completo, foi portadora de uma oferenda muito simbólica, que o Presidente da Câmara Municipal da Maia enviou expressamente para os pedroguenses. Tratava-se de meia centena de pequenas árvores, escolhidas entre as espécies autóctones, dando desse modo um pequeno contributo para a reflorestação de um território cuja paisagem apresenta um cenário desolador.
Mensagem do Patrono dos Pequenos Cantores da Maia
António Silva Tiago, Presidente da Câmara e Patrono do Coral Infantil Municipal, enviou uma mensagem que foi lida pela Maestrina Assistente, Ana Lídia Rouxinol, na qual o Edil maiato expressou, em nome da comunidade concelhia da Maia, a sua solidariedade para com os pedroguenses, que naquele dia se encontravam claramente debaixo de uma profunda tensão emocional. Uma tensão que se percebia estampada nos rostos das pessoas cujo semblante se apresentava muito carregado.
A mensagem do autarca da Maia foi especialmente bem acolhida sobretudo quando foi lido o seguinte parágrafo: “Aos pedroguenses que aqui neste Templo, Igreja Matriz de Pedrógão Grande, se encontram reunidos para ouvir os pequenos embaixadores da Maia, que vos envio para que eles, com a sua Música, com o seu sorriso e ternura, possam merecer o vosso aplauso, com o qual aquecereis as mãos e por certo também, o vosso coração.”.
Durante o concerto houve momentos de emoção incontida, com algumas pessoas a não conseguir esconder a sua emoção, mas esses momentos também contrastaram com muitos sorrisos que foram notados e referidos pelas crianças como um genuíno aplauso vindo do coração.
Testemunhos dos pequenos artistas
Helena Brandão, pequena cantora de 11 anos, disse: “…fiquei muito contente quando olhei para algumas senhoras velhinhas e vi que estavam a sorrir. Fiquei feliz por aliviar a tristeza delas…”.
Sofia Cardoso, de 12 anos, expressou-se assim: “…quando o concerto começou reparei que as pessoas estavam todas muito caladas e com um ar muito triste, mas a meio do concerto os olhos delas já brilhavam e os sorrisos já nos entusiasmavam…”.
Gonçalo Maia, de 13 anos, afirmou: “…gostei mesmo de vir aqui a Pedrógão fazer este concerto, foi mesmo solidário e fez bem a estas pessoas, acho que as ajudamos um bocado a esquecer a tragédia…”.
Sempre presente no concerto
Valdemar Alves, Presidente da Câmara de Pedrógão, esteve todo o tempo na Igreja Matriz, assistindo e aplaudindo entusiasticamente as interpretações dos Pequenos Cantores da Maia.
No final, proferiu um significativo discurso, no qual sublinhou a qualidade artística do Coral Infantil Municipal da Maia e solicitou aos maestros que fossem portadores da sua gratidão pessoal e institucional ao seu homólogo maiato, por um gesto que segundo ele: “…esta vossa presença aqui, minhas queridas e meus queridos meninos, veio encher-nos o coração e ajudar a levar melhor os nossos dias que não têm sido fáceis… Estou encantado com o vosso entusiasmo a cantar para nós com tanta alegria e vontade de nos ver sorrir. Muito obrigado… e fica desde já o convite para voltarem cá a Pedrógão na primavera…”.
O Edil pedroguense fez-se acompanhar da Vice-Presidente da Câmara, Margarida Guedes, que também permaneceu todo o tempo emocionada pelas canções dos Pequenos Cantores da Maia.
O diretor artístico do Coral, Victor Dias, foi dando ao longo do concerto, uma certa ênfase ao significado simbólico dos textos e poemas de alguns dos temas que integravam o programa que esteve disperso por várias línguas, como o latim, o hebraico, o francês, o português arcaico e, claro, o português moderno.
Victor Dias agradeceu a Valdemar Alves o convite e fez notar aos presentes o quão educativo se revelam estas oportunidades para formar a consciência cidadã das novas gerações, para que na vida adulta se tornem verdadeiramente cidadãos participativos na vida das suas comunidades, socialmente ativos, solidários e responsáveis que saibam dar o devido valor à fraternidade e ao apoio social humanitário.
O almoço e o lanche antes do regresso a casa, foram servidos precisamente no restaurante do Quartel dos Bombeiros Voluntários locais, corporação onde se sentia igualmente o peso do significado do dia 17 de Dezembro.