Fundação Gramaxo reabre com novos motivos de interesse
A Fundação Gramaxo, situada na Quinta da Boavista, bem no centro da Cidade da Maia, reabriu as suas portas no passado sábado, dia 28 de setembro, com novas exposições de arte contemporânea.
Depois do interregno do verão, a Fundação aproveitou para restaurar e recuperar algumas obras que integram a Coleção de Maria de Fátima Gramaxo, que apresenta peças escolhidas nos núcleos de joalharia (laica e religiosa), ourivesaria e mobiliário, exibindo ainda um leque de pinturas significativas, prevalecendo as figurações (sob temáticas diversificadas) e as paisagens, assinadas por artistas portugueses ativos entre os séculos XVIII e XX.
A par desta exposição encontram-se “Figuras na Paisagem, vista de dentro para fora”, uma coletiva de Arte Contemporânea, organizada pela Fundação com a curadoria de Maria de Fátima Lambert, em conjunto com “Diálogo dos Elementos”, com a mesma curadoria, em parceria com o Arquivo Francisco Laranjo.
«Tomamos a decisão de colocar duas exposições separadas, ou seja, manteve-se a ideia de uma exposição coletiva com artistas contemporâneos, nove portugueses e um brasileiro, que procura retratar aquilo que se pode viver aqui na Fundação» explica Maria de Fátima Lambert acrescentando «pensei que seria interessante fazer uma conexão com aquilo que vemos quando estamos cá dentro e também com pinturas da Coleção de Maria de Fátima, em que vemos figuras na paisagem, daí o nome desta exposição».
Assim, foram convidados 10 artistas- Albano Afonso, António Olaio, Engrácia Cardoso, José Almeida Pereira, Paulo Brighenti, Rita Carreiro, Rita Magalhães, Sofia Pidwell, Sofia Torres e Zulmiro de Carvalho- de diferentes gerações e que utilizam técnicas e linguagens diferenciadas e contemporâneas.
O Maia Hoje teve oportunidade de conversar com Rita Carreiro, que se inspirou na pequena ilha de Delos, das Ilhas Ciclades «onde nunca ninguém nasceu ou morreu, mas sim se transacionou» referiu a artista, acrescentando «achei que seria interessante uma paisagem e o abandono da paisagem e eu tenho trabalhado bastante sobre ilhas e daí avancei e cá estou».
Numa outra sala, encontramos “Diálogo dos Elementos”, que toma nome da pintura de Francisco Laranjo, que se reflete no texto escrito pelo próprio (e recuperado por Francisco Miguel Laranjo, filho do artista, no contexto do Arquivo Francisco Laranjo). É apresentada uma compilação de peças de desenho e pintura, de cerâmica e azulejo, de esculturas e pretende «demonstrar que esta ideia de essencialidade é comum a todos os suportes e foi desenvolvido ao longo de praticamente cinco décadas» explicou Francisco Miguel Laranjo.
Para além do próprio Museu e das exposições, os visitantes podem conhecer a Zona Rural, onde está uma exposição temporária de Domingos Alvão “Um Olhar Sobre a Região dos Vinhos Verdes” e a Casa dos Coches, que alberga a coleção de carros de cavalo do século XIX da família Gramaxo, em contraste com a liteira Futurista de Ana Fonseca, vinda diretamente do Museu Nacional dos Coches, em Lisboa.
O Museu da autoria do arquiteto Álvaro Siza Vieira foi concluído em 2021 e inaugurado a fevereiro de 2024. Segundo Jorge Gramaxo, diretor geral da Fundação, tiveram um crescimento de visitantes até ao dia de hoje, mas «achamos que ainda existe várias pessoas, que com certeza, ainda por cá não vieram e poderá estar na sua lista de coisas a fazer ou no esquecimento» e garante «haverá certamente braços abetos do nosso lado para receber todas essas pessoas».