Golo do maiato elimina equipa da Primeira Liga
RADAR DE IMPRENSA
In, “A Bola”, 22 de novembro de 2021
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O estatuto de herói da Taça de Portugal não combina muito bem com o caráter de Diogo Rosado. «Não sou de grandes euforias nem de me expor, o mais importante é sempre a equipa. A importância cai sempre em quem marca, mas para o grupo vale a jogada coletiva, realmente foi muito boa», comenta o jogador do Leça, que deu salto para a ribalta ao anotar o golo que afastou o Gil Vicente da Taça de Portugal.
No dia seguinte ao heroico desempenho dos leceiros na prova, Diogo Rosado recebe a A BOLA na cidade da Maia, onde reside, e chega o mais discretamente possível ao local combinado para beber um café. Aparece rigorosamente a horas, em típico traje domingueiro como qualquer cidadão comum que goza o fim de semana e comporta-se como se o episódio ocorrido rigorosamente 24 horas antes tivesse pouca importância. Mas não teve. «Acabou por ser um golo bonito e que trouxe boas memórias, modéstia à parte merecia este golo e este momento», concretiza. O criativo nunca foi grande marcador de golos – a última concretização em Portugal para uma prova maior data de maio de 2012 – e também por isso aquele remate fora da área lhe soube tão bem.
Diogo Rosado chegou ao Leça já com a época em andamento depois de uma experiência de três anos e pouco na Roménia que não correu da melhor forma. «Voltei a Portugal para estar mais perto da família, fiz 31 anos e pensei que chegara a hora de estabilizar.» E porquê o Leça especificamente? «Porque estou perto de casa, porque a oportunidade de ir para uma Liga mais acima não surgiu e porque o Leça me acolheu bem…», responde.
O esquerdino passou os últimos seis anos no estrangeiro e esta ausência prolongada fez-se sentir, reduziu-lhe bastante as opções de carreira. «Quando vamos para fora jogar ficamos um pouco longe do radar daqui, mas eu não perdi as minhas faculdades e continuo a ambicionar altos voos», diz. O Leça, inscrito na Série C no Campeonato de Portugal, surge como boa oportunidade para um recomeço e Diogo Rosado considera ser possível regressar a um plano mais elevado. «Acredito que posso voltar lá acima, mas não vou forçar nada, vou simplesmente deixar que as coisas aconteçam.»
É provável que Diogo Rosado tenha diversas vezes concretizado um Ctrl+Alt+Del ao longo da sua carreira, apontado ao tal «recomeço», mas desta vez parece ser mesmo para valer. «Agora estou de bem com a vida, tenho uma família excecional, amadureci muito e se não tiver problemas de lesões sinto que posso ganhar uma nova oportunidade», explica.
A estabilidade que de momento se sente no ar e o jogador reclama nem sempre acompanhou o percurso de Diogo Rosado. Aliás, os momentos de instabilidade devem ter sido muito superiores. O esquerdino jogou em seis países diferentes e não estabilizou em qualquer deles. Seis meses aqui, um ano ali, Inglaterra, França Angola, Chipre… Por este motivo ou por outro, foi sendo adiada a grande carreira que sentia poder agarrar. «Por vezes não tomas as decisões mais corretas. Levei muita pancada, fui iludido por promessas de coisas boas que iam chegar, essas tretas todas, tive más opções, más escolhas, alguma infelicidade, mas tudo isso passou, não vou mais queixar-me», promete.
Aos 31 anos, Diogo Rosado já não olha mais para trás nem quer saber do passado, do que podia ter alcançado e não conseguiu alcançar. «Agora não guardo rancor ou remorso. Estou numa fase bonita da minha vida, sinto-me bem no Leça, o treinador [Luís Pinto] e os meus companheiros de equipa são excecionais comigo e eu quero muito aproveitar este momento», conclui.