Maia| Nuno André Ferreira: “Percebi que esta fotografia não era só para mim”
Nuno André Ferreira, fotojornalista premiado no “World Press Photo”, veio à Maia para uma tertúlia, onde nos contou a história por detrás da fotografia premiada.
O concurso World Press Photo é a principal competição do mundo para fotógrafos de imprensa, fotojornalistas e fotógrafos documentais, a nível profissional, e estabelece os padrões da profissão. O concurso deste ano atraiu 4.315 fotógrafos de 130 países.
Desta grande competição, destacou-se o português, Nuno André Ferreira. O fotojornalista conquistou o terceiro prémio na categoria de Fotografia Individual, com uma fotografia intitulada “Fogo na Floresta”.
Estávamos a 7 de setembro de 2020. Nuno, habituado a cobrir incêndios, avista vários carros parados numa estrada municipal em Oliveira de Frades. Pensou «este era só mais um, nem é dos incêndios com maior dimensão que eu já estive». Decidiu parar também. Dali observou «um senhor a sair do carro» e fotografou-o enquanto este estava encostado ao veículo. «Depois sai a mulher e apercebo-me que há uma criança no interior do carro e decidi fazer o enquadramento da criança».
Após este episódio, o fotojornalista não imaginava que, o que a sua câmara tinha capturado, iria percorrer o mundo. Em entrevista ao Jornal da Maia, Nuno André Ferreira, admitiu que «na altura percebi que tinha feito uma fotografia diferente. Ela circulou no mundo e apercebi-me que não era só eu que gostava da imagem. Percebi que esta fotografia não era só para mim. Vou concorrer com esta imagem».
O World Press Photo acaba por ser um sonho para Nuno. Sonho para uns, pesadelo para outros. Tirada num cenário assustador, a fotografia valeu-lhe o terceiro lugar no maior concurso de fotografia. Este conta-nos que «não importava em que lugar ia ficar. Uma nomeação para mim já bastava. O saber que já tinha chamado a atenção com uma imagem minha, é um prémio». A premiação para Nuno significa «um exemplo do que se faz em Portugal. É uma maneira de nos apercebermos que não é necessário sair do nosso país, para fazer uma boa imagem».
De Leiria para o mundo:
Natural de Leiria, Nuno André Ferreira, licenciou-se me comunicação social, no entanto nunca ambicionou um lugar em frente à câmara ou dar a sua voz para rádio. Após terminar o curso, Nuno tentou entrar no mercado de trabalho, mas sem sucesso. Há 15 anos decidiu ir para Viseu, onde surgiu uma oportunidade de trabalhar como “freelancer” e ser colaborador da Agência Lusa. Hoje, é chamado para várias conferências e é destacado na sua profissão.
Para além da fotografia premiada no World Press Photo, também existe outra que já foi distinguida nos Prémios Rei de Espanha. A fotografia onde Marcelo Rebelo de Sousa surge ao lado de um agricultor, vítima dos incêndios, garantiu-lhe o primeiro lugar. O prémio foi entregue por Filipe VI, rei de Espanha.