Margarida Blasco- Fazer política não é governar
Se aquando dos incêndios que assolaram o país ainda permanecessem dúvidas sobre a debilidade latente na atuação da Ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, elas desfizeram-se sem retorno quando foi novamente chamada a intervir a propósito da manifestação dos bombeiros sapadores em frente à Assembleia da República.
Impreparada, nem mesmo o facto de se tratar de uma reivindicação de profissionais que dando tudo de si arriscam a vida para salvar as de muitos, foi suficiente para se apetrechar do mínimo de sensibilidade que lhe era exigido. Por um lado, para esconder o desconforto, optou pela arrogância – sem direito a perguntas. Por outro, o que não conseguiu mesmo, foi esconder a ignorância.
Margarida Blasco, Ministra integrante de um Governo que ainda não governou – mas tão somente vai fazendo “política de navegação à vista” – apresentou-se completamente alheada da realidade dos bombeiros sapadores.
Governar seria demonstrar escuta, apreensão, aptidão para sentir os sobressaltos daqueles profissionais. Seria, desde logo, estimar e relevar toda uma imensa dívida de gratidão que milhões de portugueses têm para com os bombeiros sapadores. Mas não. Fez política. Pior, fez politiquice. Apressou-se a desresponsabilizar-se, expondo que o patrão destes bombeiros não é o Estado, mas as autarquias.
É pouco crível que uma Ministra ignore que as autarquias não detêm poder legislativo. É ousado achar que uma Ministra desconheça que o poder legislativo para alterar a remuneração dos bombeiros sapadores é do Governo. Do Governo que a própria Ministra representa. É pouco crível, é ousado, mas existe. Foi a Ministra Margarida Blasco.
Na sequência – e como crítica à manifestação dos bombeiros – referiu que “É na mesa de negociações que se fazem os acordos”, enquanto olimpicamente ocultava que a ANMP entregou ao Governo, em junho, uma proposta sobre a revisão das carreiras e remunerações destes Bombeiros. Porém, o Governo, até então, não lhe deu seguimento algum. O Governo que a Ministra Margarida Blasco representa.
Por fim – que nem feira de aberrações – a Ministra Margarida Blasco soube agradecer, conseguiu louvar e logrou aplaudir. Remeteu, em direto, uma mensagem de valorização e gratidão às forças policiais que no desempenho das suas funções conseguiram controlar aqueles… Bombeiros.
Ivo Filipe de Almeida
Advogado;
Deputado na Assembleia Municipal de Almada