Vereadora “arrasa” objetivos PERSU 2030

Vereadora “arrasa” objetivos PERSU 2030

A Maiambiente e o consórcio CircularTECH promoveram, no dia 2 de julho, no auditório do TecMaia, a conferência “Maia Circular”, um evento dedicado à Economia Circular. A iniciativa dividiu-se em dois grandes momentos – um dedicado ao ambiente e outro à inovação – e apresentou iniciativas inovadoras e casos práticos de projetos que já estão a promover a transição para a Economia Circular nas cidades portuguesas.

«Este ano decidimos alargar o leque e decidimos introduzir o tema da circularidade procurando combinar o aspeto dos resíduos, da água e também da energia» disse ao Maia Hoje, Carlos Mendes, administrador executivo da Maiambiente.

A manhã foi dedicada à apresentação de iniciativas de relevo implementadas no concelho da Maia, nomeadamente, o modelo do poluidor/pagador no que toca à tarifa de gestão de resíduos; a gestão eficiente da água; a eficiência energética e a mobilidade sustentável. Seguiu-se uma mesa-redonda que juntou personalidades de entidades diversas e que foram convidadas a deixar as suas opiniões sobre os temas da atualidade relacionados com o ambiente, a sustentabilidade e a circularidade.

Marta Peneda, presidente do conselho de administração da Maiambiente, assumiu a sessão de abertura, explicando quais as maiores preocupações neste momento. Os desafios colocados pelo novo PERSU 2030 «ultrapassam e muito aquilo que deve ser razoável, designadamente em termos de metas. Exigem-nos em seis anos o que não foi realizado em 30 e num contexto socioeconómico especialmente debilitado, seja na escassez de recursos humanos, seja no excesso de burocracia, seja até falta de financiamento».

Segundo Marta Peneda, os resultados não podem ser garantidos porque «o ecossistema é complexo, intersectorial, plurirregional e cada vez mais multicultural» e questionou:

  1. O que fazer aos nossos resíduos indiferenciados quando já está praticamente esgotada a capacidade dos nossos aterros e ainda há quem duvide dos processos de valorização energética?
  2. E os bio resíduos? Será razoável exigir num espaço de seis anos uma taxa de captura de 70% para o fluxo mais difícil de digerir, quando 30 anos não chegaram para atingir 50% para os resíduos de embalagem?
  3. O que fazer ao fluxo dos têxteis ou dos móveis quando existem metas exigentes para as entidades gestoras, mas não para os produtores, prevendo-se mais uma vez que sejam os municípios a assumir o encargo, replicando junto do contribuinte consumidor ou não?

Assim, Marta Peneda espera que a atual equipa governamental resolva «este importante assunto e, que em vez de termos uma continuidade de políticas, possamos ter uma disrupção e novas diretrizes para o setor» e, como tópico final, deixa um pedido de reflexão sobre a TGR (Taxa de Gestão de Resíduos) «que deveria servir para dissuadir as entidades gestoras para a deposição em aterro, que é como quem diz, premiar as mais empreendedoras mas que afinal serve para subsidiar quem mais paga, enviesando princípio e defraudando expectativas».

A parte da tarde, dedicada à inovação, teve a apresentação de «projetos diferenciados e de alto valor tecnológico, nomeadamente os ecocentros inteligentes, construção modular, “machine learning” na identificação de monos e a sensorização aplicada aos resíduos urbanos» dizem os responsáveis pelo evento.

A mesa-redonda contou com a participação da Joana Dias, da FEUP; António Salvado, do TICE.PT; e Hélder Batista, do EcoAmbiente.

“Recicle Mais, Pague Menos”

É um modelo, pioneiro em Portugal, de tarifa indexada à produção de resíduos e que está implementando na Maia. Este permite calcular a Tarifa do Serviço de Gestão de Resíduos Urbanos (TSGRU) em função do volume de lixo indiferenciado recolhido, deixando tal tarifa de estar relacionada com o consumo de água. Desta forma, o principal objetivo deste modelo é tornar possível que os munícipes paguem apenas pelos resíduos que não reciclam.

A implementação deste novo modelo é faseada, de acordo com a tipologia de habitação. A primeira fase, em moradias unifamiliares, teve início em janeiro de 2022 e já se encontra concluída.

A segunda fase em edifícios multifamiliares dotados de compartimentos de resíduos, está em curso.

A terceira fase em edifícios multifamiliares que utilizam equipamentos coletivos de via pública, está prevista ainda para este ano.

Questionado pelo Maia Hoje, Carlos Mendes faz um balanço positivo «notamos que a população adequou os seus hábitos e adaptou-se à realidade». Tendo como objetivo aumentar a reciclagem e usar menos o contentor dos indiferenciados, o administrador explicou «como paga cada vez que usa, as pessoas usam menos vezes. O contentor está mais cheio, os resíduos estão mais separados e, portanto, vemos um crescimento expressivo nos resíduos da reciclagem e um decréscimo dos indiferenciados».

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